quarta-feira, 5 de maio de 2010

FOLKSONOMIA NO ÂMBITO DA WEB 2.0: ARQUITETURA DE PARTICIPAÇÃO.

Desde sua criação a Web tem adicionado novos serviços e funcionalidades que, cada vez mais, permitem que os seus usuários participem de forma ativa na construção e organização dos seus conteúdos. De fato, é num contexto de alterações sociológicas que surge o conceito de Web 2.0.

Tim O’Reilly define a Web 2.0 como a Web funcionando como uma plataforma. As aplicações Web 2.0 são aquelas que fazem: distribuição de softwares atualizados constantemente, utilização e reorganização de dados de múltiplas fontes pelos usuários individuais que, por sua vez, fornecem seus próprios dados e serviços para que sejam reorganizados por outros, assim criando uma “arquitetura da participação” indo além da metáfora da página da Web 1.0 para permitir a efetiva colaboração dos usuários.(http://oreilly.com/pub/a/oreilly/tim/news/2005/09/30/what-is-web-20.html).

Dentre as diversas evoluções que estão ocorrendo na Internet, destaca-se o que pode ser considerado como um novo paradigma para a organização dos recursos na Web: a possibilidade de os próprios usuários participarem na organização. Neste novo paradigma surgem as Folksonomias.

Folksonomia é a tradução do termo folksonomy criado em 2004 por Thomas Vander Wal, a partir da junção de folk (povo, pessoas) com taxonomy. Para Wal, Folksonomia é o resultado da atribuição livre e pessoal de etiquetas (tagging) a informações ou objectos (qualquer coisa com URL), visando à sua recuperação (http://www.vanderwal.net/random/entrysel.php?blog=1750). A atribuição de etiquetas é feita num ambiente social (compartilhado e aberto a outros). O ato de etiquetar é do próprio utilizador da informação que etiqueta o recurso da Web.

Existem vários conceitos que estão relacionados com Folksonomia, tais como: Bookmarking, Social Bookmarking, Social Classification, Tagging, entre outros. Uma discussão em torno destes conceitos é apresentada num artigo publicado em 2007 por Catarino e Batista (http://www.dgz.org.br/jun07/Art_04.htm).

Existe um senso comum a respeito das Tags, de que elas servem para representar o assunto, tema ou conteúdo dos recursos. Mas o certo é que estas tags têm funções muito variadas. Ou seja, a atribuição de tags pode servir tanto para a representação temática (assunto) quanto para descrição física (título, editora, data, etc) além de representar outros aspectos relativos às funcionalidades e ou relações deste recurso para o seu utilizador (como por exemplo a avaliação do recurso sobre o ponto de vista do usuário quanto ao nível intelectual ou qualidade). Alguns estudos mostram que as tags podem ser inovadoras neste sentido, ver: http://hdl.handle.net/1822/9564, http://hdl.handle.net/1822/8167 e http://hdl.handle.net/1822/6881.

E por fim, existem vantagens e desvantagens na adoção de folksonomias para a descrição de recursos. A vantagem da folksonomia está na liberdade de expressão que possibilita a descrição dos recursos da Web conforme a visão dos seus próprios usuários. E a desvantagem está também focada na falta de controle de vocabulário. A liberdade de atribuição de etiquetas faz com que diminua o índice de precisão na recuperação da informação, pois um mesmo termo pode ter significados diversos para os vários usuários que as atribuíram.

As folksonomias, com suas vantagens e desvantagens, estão definitivamente inseridas na Web. Atualmente é bastante comum encontrar sites que permitem a atribuição de etiquetas aos recursos. Sites como por exemplo o gerenciador de Bookmarks / Favoritos - Delicious (http://delicious.org) -, o gerenciador de referências online - Connotea (http://www.connotea.org ) – e o site de compartilhamento de vídeos, o Youtube (http://www.youtube.com), entre outros, possibilitam aos usuários o uso de Tags para a organização dos recursos.

É certo que a organização dos recursos pelos e para os usuários já faz parte do dia a dia dos internautas. Este fato traz para os profissionais que atuam na organização e recuperação da informação da Web novos rumos pois a adoção de folksonomias permite compreender a informação sob o ponto de vista do próprio usuário, agregando valor à descrição e consequentemente ampliando as possibilidades de recuperação.em

Por: Maria Elisabete Catarino. Chefe do Departamento. Doutora em Tecnologias e Sistemas de Informação pela Universidade do Minho/Portugal (2010). Mestre em Adminsitração de Bibliotecas na PUC/CAMPINAS (1999).

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